quinta-feira, 24 de junho de 2010

Interregno

Segue-se um intervalo para umas merecidas férias. As obras, contudo, prosseguem, pelo que contamos ter novidades para registar no regresso. Até lá, bom São João!

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Roços

Dos grafittis com as marcações das futuras ligações eléctricas resultaram estes 'rasgões', (roços, tecnicamente), onde se encaixarão os cabos necessários. Depois de levantado o soalho, o telhado, picadas as paredes, aberta uma vala, tiradas as portas e caixilharias das janelas, ver estes maus tratos ao pouco que resta da casa é, no mínimo, doloroso, ainda que incontornável.

domingo, 20 de junho de 2010

Canalizações



Durante eras, a falta de uma política estruturada de saneamento básico constituiu a principal causa de doenças e epidemias entre a população residente nos núcleos urbanos. Continua a sê-lo, em muitas zonas do planeta. Felizmente, entre nós, trata-se de um dado adquirido, embora se ouçam ainda com frequência queixas da factura que todos, como cidadãos, temos a obrigação de pagar. Dentro de portas, o processo é relativamente simples, mas laborioso: depois de aberta uma vala, atravessando toda a casa até à caixa de saneamento, foram já colocados os tubos de canalização, substituindo-se o material pré-existente por um mais resistente. As ligações deverão percorrer assim o quintal, a cozinha, a casa de banho do piso térreo e duas ligações nos pisos superiores.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Uma rua na baixa

Numa rua mal afamada, não há como ver as coisas com olhos de ver. E descobrir, então, que como animais sociais, somos muito achacados aos mitos urbanos, ou por acreditarmos neles, ou por os reproduzirmos, ou por os inventarmos e recriarmos. Alguns dos mitos mais enraizados na história recente da cidade do Porto são os da insegurança e da indigência. Ninguém poderá negar, obviamente, que existem pólos de criminalidade, essencialmente ligados a fenómenos de toxicodependência. Mas partir daí para demonizar toda a baixa é algo que, no mínimo, revela ignorância e pouca vontade para combater preconceitos. É certo que o Porto, como muitas outras cidades, sempre teve o seu lado bas fond, em grande medida fruto da actividade conhecida como a mais velha profissão do mundo, muitas vezes também próximo de expedientes hoje em dia conhecidos como 'economia paralela' ou 'informal' e frequentemente palco de um alcoolismo endémico, estrutural e cultural. Mas existe sempre um outro lado (muitas vezes no mesmo local, em horas diferentes): o do pequeno comércio, dos serviços, da sociabilidade, da vizinhança, das festas populares, da restauração, dos miúdos a brincar, das senhoras a dar à letra, de um germe de cosmopolitismo e da história continuamente recriada, feita pelos habitantes e transeuntes destas artérias graníticas e seculares. Nada nem ninguém poderá silenciar isso. Certo?

quarta-feira, 16 de junho de 2010

De marquise a varanda

Virada para poente, no primeiro piso, optou-se por transformar a antiga marquise numa varanda, prolongando o gradeamento de ferro que contorna as escadas de acesso ao quintal. É uma forma de criar maior abertura para o exterior, permitindo uma maior entrada de luz para a divisão que será o escritório e sala de leitura. Pelo que se consegue perceber, a plataforma foi construída posteriormente à casa original, uma vez que assenta numa estrutura de cimento. Foram retiradas as caixilharias e demolido o pequeno muro. Por razões estéticas e funcionais optou-se por construir um novo pilar, alinhado com o 'cachorro' (aquele gancho de pedra que se vê na parte inferior). O pilar original será eliminado, mas mantém-se desta forma um suporte para a varanda do segundo piso.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Rebuliço

É uma trincheira! É um buraco negro! É o apocalipse! É... a vala do saneamento!

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Electric dreams

Louceiro


Não há maneira da foto fazer justiça a este louceiro, que logo que possível se instalará na sala de jantar. Até lá vai aguardar quedo no antiquário onde foi descoberto. É uma peça feita em vinhático, que data do século XIX. É mais antiga do que a própria casa, possuindo o carisma necessário para ocupar um lugar de destaque e servir dois propósitos muito pragmáticos: arrumar louça e consolar as vistas.

domingo, 6 de junho de 2010

Beiral

Ao elegante beiral foi acrescentado um reforço de madeira, por trás do qual já espreita a telha (pena que não se consiga obter uma perspectiva do telhado concluído; talvez um dia, ao visitar a casa do vizinho da frente). Só falta a caleira, para desviar a conhecida pluviosidade tripeira. Entretanto, chegámos ao mês de Junho, o dos santos populares e da canícula. A cidade muda de estação e a casa na baixa acelera a sua transformação.

sábado, 5 de junho de 2010

Casa oportunista

Como frequentemente acontecia no burgo tripeiro, a casa foi oportunisticamente erguida no lote deixado vago entre outras duas casas. Por esse motivo, não foram erguidas novas paredes, pelo que a pedra que se consegue ver na imagem é partilhada com o vizinho. Também é possível vislumbrar a geometria enviesada do travejamento, que acompanha o ângulo 'torcido' em relação à rua. Às vigas foram adicionados reforços com madeira nova. Num dos pisos descobriu-se que aquilo que aparentava ser um pequeno deslizamento do edifício, 'quebrando' a esquadria das portas interiores, não seria senão a consequência de um planeamento pouco científico de toda a estrutura (mercê talvez dos meios ao dispor dos mestres na altura).

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Arrumos de exterior

No exterior, dois espaços com destino já ponderado: à direita (mais próxima da casa e sob a protecção da varanda do piso superior), uma área para arrumos, destino das inúmeras e imprevisíveis quantidades de objectos que uma vida consegue coleccionar (entre eles, imaginamos acessórios para o quintal: mesas, cadeiras, guarda-sol, pás, tesouras de poda, etc); à esquerda, mais afastado do edifício, a área onde poderá ser encaixado o mecanismo para o sistema de aquecimento, tenha ele que configuração tiver (trata-se de um dossiê ainda em estudo, agora que se descobriu que é tecnicamente inviável incluir nos tectos as caixas de ar do sistema de bombas de calor).

terça-feira, 1 de junho de 2010

Parede sim, parede não

Era uma vez, no espaço onde se instalará o futuro escritório, uma parede em 'bico' resultante do alargamento de uma casa de banho, cuja entrada se fazia pela marquise. Estando já planeada uma casa de banho de serviço no piso térreo e outra para os quartos no segundo piso, parecia excessivo instalar uma terceira numa casa para apenas duas pessoas. Assim, disse-se: "abaixo com a parede, para se conquistar espaço útil!" (assim se fez, respeitando o que era o traçado original). A pequena divisão com entrada pela varanda (antiga marquise) será contudo igualmente equipada com pré-instalação de canalizações (não vá o diabo tecê-las, nestas coisas deve entrar o seu quê de racionalidade económica a longo prazo). Sobrou um buraco na parede interior, que rapidamente se entaipou com uma instalação semelhante às esculturas do Pedro Cabrita Reis. Faz também lembrar um pouco um processo de regeneração de tecidos, como uma ferida cicatrizada.