domingo, 27 de março de 2011

Cadeirão

Dizem que só encontramos aquilo que queremos quando não estamos à procura. É válido para o amor, e é válido para encontrar peças como esta, que se encontram a preços muito em conta deambulando sem destino pelas ruas da invicta, assim como quem quer apenas esquecer-se das agruras laborais.

sábado, 26 de março de 2011

Casa verde

E como nestas coisas quanto mais cedo se começar melhor, frequentámos hoje uma das acções de formação da LIPOR sobre compostagem caseira. Para além de muitas informações úteis, foi bom perceber que é perfeitamente viável, economicamente lógico e ambientalmente urgente tomar uma iniciativa. Aproximadamente 40% do lixo que geralmente se classifica como indiferenciado pode ser transformado em composto orgânico, útil para adubar terrenos ornamentais ou horticulturas. A iniciativa, apoiada por fundos europeus, disponibiliza gratuitamente, para além da formação, compostores de tamanho suficiente para pequenos quintais ou jardins urbanos e um pequeno recipiente para os resíduos de cozinha. Mais informações aqui.

domingo, 20 de março de 2011

Pedra à vista

O valor de uma intervenção também se mede pelo preciosismo dos seus detalhes. Maioritariamente, não é possível avaliar o tempo investido em pormenores que se fundem depois no todo, contribuindo para uma boa impressão geral, mas que passam despercebidos à maior parte dos olhares. Será o caso desta secção em pedra, que estava revestida com várias gerações de tintas e que teve que ser limpa manualmente, poro a poro, com uma paciência digna de Job. Com a excepção de pormenores do exterior, foi a única secção onde se optou por apresentar pedra à vista (por se tratarem também das lajes maiores, como era típico nesta secção ).

quinta-feira, 17 de março de 2011

Comer, cozinhar

Projecto para a cozinha, que partilha o mesmo espaço com a sala de jantar. O facto de não existir aqui uma estrutura prévia permitiu pensar numa intervenção mais moderna, como contraponto à recuperação mais tradicional da casa restante. Foi uma sugestão bem acolhida pelos futuros residentes, por parecer condensar melhor a necessidade de criar uma área simultaneamente prática (porque cozinhar é uma actividade rotineira e suja) mas também elegante e convidativa (porque cozinhar também é um pouco criar, sair da rotina e, cada vez mais, um acto gregário, eminentemente social).

domingo, 13 de março de 2011

Projecto para armário

Nas relações parece haver sempre um parceiro recolector e outro de perfil mais 'utilitarista'. O primeiro diverte-se a acumular peças com funções variadas, e não lhe passa pela cabeça desfazer-se delas depois de ultrapassada a validade. O segundo sonha com um mundo mais organizado, pragmático e 'limpo' e, como tal, não perde oportunidade para se desfazer do que já não tem uso aparente. Posto isto, e não obstante, numa casa nova há que partir do nobre princípio da igualdade de oportunidades para todos (exemplificado no desenho simétrico do armário de quarto).

terça-feira, 8 de março de 2011

A luz entra...

... e despede-se ao fim do dia no ponto mais alto da casa, para deixar ver o efeito dos cuidados prestados ao soalho nos últimos dias. Um trabalho feito por homens, já não como na bela pintura de Caillebotte, mas com a ajuda preciosa de máquinas de vários portes. Quanto às mulheres, no seu dia e não só, serão sempre tão bem vindas como eles neste pavimento. "Les raboteurs de parquet", de Gustave Caillebotte (1875)

sexta-feira, 4 de março de 2011

É entrar, senhorias...

Era uma porta antiga, muito velhinha, que não podia sair do seu posto de comando. Longe iam os seus dias de glória, e entristecendo julgava-se condenada. Um dia vieram uns senhores, que enternecidos se compadeceram do seu destino e que, com desvelo e mil cuidados, sem a retirar do sítio, foram tapando buraco aqui, substituindo madeira ali, lixando, afagando e untando com massas. Dia para dia parecia mais próxima do esplendor original. Sabia que em breve cumpriria de novo a função há muito descurada: a de dar as boas vindas aos visitantes e a de guardar numa bonita caixinha notícias dos que tinham partido.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Desenhar para uma cidade

Só quando precisamos de partilhar o que é viver numa cidade é que percebemos quão subjectiva é essa experiência. A perspectiva muda consoante a nossa idade, as fases em que nos apanham ou simplesmente porque a própria natureza do burgo sofre mutações. Penso que é comum 'colarmos' o nosso estado de espírito ao que nos rodeia: quando estamos deprimidos e melancólicos, o Porto é uma cidade cinzenta, chuvosa e provinciana; se estamos apaixonados, tudo é cor, animação e património. Nessa partilha, nem sempre o verbo é o veículo mais claro. Foi o que percebeu desde sempre a Manuela Bacelar, ilustradora da invicta, que juntou os seus desenhos aos textos do Carlos Tê (outro ilustre tripeiro) no imperdível "Cimo de Vila". Para nós é assim como uma espécie de visão animada de uma antiga ilustração já aqui convocada.